Flexibilização das leis trabalhistas, precarização do trabalho, escala 6x1, sobrecarga, sobretempo, sobretudo. As frases de autoajuda não ajudam mais. Brainrot, excesso de tempo de tela, estresse, ansiedade. No agora, pós-pandêmico, neoliberalismo deseja a boca do fascismo, a mão boba do mercado chega coça. É difícil dormir, é difícil acordar. O pobre e o governo fazem o bilionário cada vez mais bilionário, os bilionários e o governo fazem o pobre cada vez mais pobre.
A gente come qualquer coisa multiprocessada sabor churrasco, bebe um preparo sabor café e permanece nessa existência genérica sabor vida. Nas embalagens dos dias inúteis tinha que vir escrito: cuidado, pode conter vida. Pra gente evitar e não sentir o gostinho.
Não para por aí: crise climática, econômica, política. A moda não é mais como era antigamente. No supermercado, tudo caro. Tudo sobe, o salário não — o salário sempre falta, só o mês que sempre sobra. Não tem saúde mental que aguente! Dá no que dá: quase meio milhão de afastamentos por transtornos mentais.
Estamos falando de casos notificados, diagnósticos consolidados, registrados e computados. Imagine o que escapa a isso! A realidade que não aparece na equação. Ninguém tá bem da cabeça, não. A situação de quem trabalha tá mais que osso! E não é só deixar de ser Nutella, como dizem alguns, orgulhosos de aguentar a exploração no lombo para o enriquecimento do patrão. Tu acha bonito, é?
Não é só deixar de frescura, porque não é frescura, não é só deixar de mimimi, porque não é mimimi. É um desastre psicossocial, indivíduo e coletivo agonizam. Pra piorar, ninguém pode admitir que dói, que não aguenta mais. E fica um julgando o outro, chamando de fraco, preguiçoso. Como se adoecer fosse uma falha de caráter. Como se fosse errado querer viver um pouco da própria vida. Quem acha bom é quem explora a gente, cada vez mais rico.
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